Vamos cear com Jesus

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Homilia da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo

 

Vamos cear com Jesus

† António Marto

Bispo de Leiria-Fátima

Parque do Avião (Leiria), 26 de maio de 2016

Ref. CE2016B-008

Celebramos hoje uma festa muito querida ao povo cristão: a festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo ao qual queremos manifestar publicamente a nossa adoração através da procissão eucarística pelas ruas da cidade. A festa é embelezada ainda pela presença de 350 crianças da diocese que fizeram este ano a primeira comunhão. Para vós, caros amiguitos e amiguitas, os meus parabéns e uma saudação carinhosa. Sei que preparastes esta celebração durante a manhã com um jogo chamado “Vamos cear com Jesus”, que nos evoca a última ceia de Jesus com os apóstolos, donde deriva o sacramento da eucaristia. O que quer dizer então “vamos cear com Jesus”?

Vamos cear com Jesus: a comunhão com Jesus

Na ceia da despedida, Jesus não nos deixou uma fotografia, uma imagem, uma relíquia sua nem qualquer outra recordação ou lembrança como nós costumamos fazer quando nos ausentamos para longe.

Jesus deixou o dom mais admirável: o da sua presença e do seu amor como só Ele o pode fazer enquanto Ressuscitado e vivo. Ele mesmo em pessoa faz-se dom no sinal do pão para permanecer no meio de nós para sempre. O sinal do pão é simples mas belo e eloquente: diz-nos que Jesus é para nós Pão da Vida, como alimento que sustenta e fortalece a nossa vida espiritualmente.

“Tomai e comei, isto é o meu corpo”: não se pode comer Jesus ressuscitado, presente na figura do pão, como se come um simples pedaço de pão para saciar o estômago. Comer este pão é comungar, é entrar em comunhão com a pessoa de Jesus vivo e verdadeiramente presente. É um encontro de grande amizade entre duas pessoas; é deixar que Jesus venha ao meu coração, que me transforme interiormente para eu viver configurado a Ele que é o Amor vivo.

Quando comungamos, fazemos um ato de fé. Recebemos Jesus no nosso coração e na nossa vida: “Senhor, eu quero comungar contigo, quero viver do teu amor, seguir os teus passos, colaborar contigo para um mundo melhor”.

Como vivo a celebração da eucaristia dominical: participo com gosto pela amizade de Jesus? Se eu não participo, é sinal de que não tenho grande amizade com Ele.  Vivo a santa missa como um momento de verdadeira comunhão com o Senhor Jesus?

Vamos cear com Jesus: o pão partido e partilhado por todos

Quando recebemos Jesus em comunhão fazemos também outra experiência bela: a comunhão com os irmãos. Vindos de várias proveniências de lugares, famílias, raças ou estratos sociais, nós encontramo-nos todos reunidos e unidos à mesma mesa do Senhor. Todos comungamos o mesmo Cristo e o mesmo amor. O Pão eucarístico é pão partido e partilhado por todos. Embora sendo muitos, formamos um único corpo, uma só comunidade com Cristo, uma fraternidade.

O evangelho de hoje mostra-nos a alcance fraterno da eucaristia. Na multiplicação dos pães, Jesus ensina-nos a partilhar o pouco que temos e somos e com isso ele faz maravilhas. “Dai-lhes vós mesmos de comer”: a eucaristia convida-nos a estar atentos e responder aos vários tipos de fome dos irmãos: fome de pão, de amor, de acolhimento fraterno, de compreensão, de perdão; fome de trabalho, de justiça, de solidariedade; fome de sentido para a vida, de felicidade, de ânsia dum mundo novo, mas sobretudo fome de Deus, do seu amor misericordioso e de oração comunitária.

Como vivo a celebração da eucaristia: isolado, anónimo, indiferente aos outros ou como momento de encontro, de comunhão e de partilha com os irmãos?

Vamos levar Cristo e a bênção do seu amor ao mundo

É nossa missão ser sinal da presença de Jesus  no mundo de hoje e levar o calor do seu amor às periferias humanas onde há sofrimento e é necessária a solidariedade.

Por isso, nós levamos Cristo, presente na eucaristia, em procissão pelas ruas da nossa cidade. Confiamos estas ruas, as casas e as famílias que nelas vivem ou trabalham – a nossa vida quotidiana – à sua bondade. Queremos que as nossas ruas sejam também as ruas por onde Cristo passa; que as nossas casas sejam casas onde Ele tenha lugar; que a nossa vida de cada dia seja tocada pela sua presença.

Com este gesto pomos sob o seu olhar misericordioso os sofrimentos dos doentes, a solidão dos jovens e dos idosos, as tentações, os medos que nos perturbam, toda a nossa vida.

A procissão é expressão de uma grande bênção pública para a nossa cidade e para toda a diocese: o Senhor ressuscitado é  em pessoa a bênção divina para o mundo. Que o raio da sua bênção se estenda sobre todos e cada um de nós!

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