Retiro 24H: uma jornada para jovens em quatro assaltos

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Vinte e nove de março de dois mil e dezanove. Nove jovens. Vinte e quatro horas. Um seminário-base com corredores labirínticos. Um kit de sobrevivência. Uma missão: escolher O essencial!

À chegada, um cronómetro em contagem decrescente. No final de uma semana que tantos de nós passamos a correr, na tentativa de chegarmos a tudo o que julgamos indispensável, somos lembrados de que aquelas vinte e quatro horas são o tempo para ter tempo.

Após o jantar partilhado, a primeira reunião de grupo, na qual nos é dado a explorar o kit de sobrevivência que reúne o necessário para o cumprimento da missão que nos está confiada. Aí, encontramos um pequeno envelope com grandes ajudas para a nossa vida de oração: Como rezar? E de que maneira? Explicações; sugestões; desafios; nomes estranhos, porventura desconhecidos para alguns de nós… que se aprendem fazendo! Junto ao envelope, uma cruz, símbolo dos cristãos por excelência, lugar do amor, lugar onde Jesus entregou a vida para que nós tenhamos a vida. Do kit consta ainda um diário espiritual, no qual somos desafiados a anotar as nossas vivências, a partir do olhar de Deus. E porque somos corpo e espírito em missão, não falta um pequeno lanche para revigorar forças, nos momentos em que o sentirmos necessário.

Primeiro assalto

Ainda sem nos ser desvendada a totalidade do plano a executar, somos desafiados a empreender o primeiro assalto da noite: a participação no Shemá, a decorrer na Igreja do Espírito Santo. A reunião e oração partilhada com tantos outros jovens e pessoas da nossa comunidade, rostos mais ou menos familiares, a lembrar que a fé se faz de encontros e cresce pelos encontros.

De regresso à base, somos convidados a partilhar os motivos que nos conduzem ali. Com as nuances próprias das vivências de cada um, uma marca comum: a correria do dia-a-dia, a mesma com que nos tínhamos deparado, um a um, com o cronómetro em contagem decrescente, precisa de um sentido.

Segundo assalto

Encorajados pelo apelo que o Papa Francisco dirige a toda a Igreja de, nos dias em que ali nos encontramos, viver um momento mais intenso de oração e de adoração, uma oportunidade de escuta orante da Palavra de Deus e de celebração do Sacramento da Reconciliação, levamos a cabo o segundo assalto. Aquele que começa como um momento de oração em grupo, prolonga-se durante a noite. Hora após hora, em pares, adoramos, contemplamos, meditamos, escutamos, cantamos, pedimos, agradecemos. Colocamo-nos diante de Deus, tal como somos e estamos, sem reservas. Presas a balões, elevamos as nossas intenções ao alto e rezamos uns com os outros e uns pelos outros, mesmo nos momentos que que somos vencidos pelo cansaço! Uma noite para confirmar que, juntamente com os milhões de cristãos que se associam à mesma iniciativa, nas mais variadas partes do mundo, somos corpo de uma Igreja que se quer viva e vivificante.

Terceiro assalto

Novo dia, nova proposta. Desta vez, através de um testemunho pessoal, fazemos a revisão do plano estratégico da nossa própria vida e reconhecemos até que ponto temos ou não feito, da nossa vida, uma vida orante.

O terceiro assalto leva-nos numa caminhada pelo exterior, conduzida pela voz de Maria, ao longo da qual somos levados a percorrer os passos da paixão e morte de Jesus, acompanhando Aquele que deu a vida por nós e aprendendo d’Ele o “caminho da cruz”; tornando-nos solidários com os outros, como Jesus o é connosco.

Quarto assalto

A tarde avança e, no regresso à base de operações, novo testemunho pessoal, no qual somos confrontados com a realidade da nossa condição humana: a imperfeição, a nossa natureza frágil e pecadora. Mas se é verdade que o pecado habita em nós, é também verdade que ele não nos define. Não pode definir-nos, porque a misericórdia de Deus é maior do que qualquer pecado; porque a todo o momento, nos é dada a oportunidade de reconhecer, aceitar, perdoar e recomeçar. E uma vez mais, também aqui, nos é dada a hipótese da reconciliação connosco, com os outros, com Deus.

O quarto assalto leva-nos a abandonar pela última vez a base. Reunidos à comunidade da qual somos parte, integramos o momento das “24 Horas para o Senhor” dinamizado pela pastoral juvenil da diocese, na Igreja do Espírito Santo. E porque se trata de escolhermos o essencial, o derradeiro assalto não poderia ser outro que não a participação na eucaristia, ao encontro do alimento que nos mantém em caminho.

Percebemos que estar em missão é também saber que não caminhamos por nós mesmos e que, em cada passo, há outras pessoas no mesmo caminho, sem as quais não conseguiríamos ser ou estar. Cada um de nós, ainda que de maneira distinta, é chamado a um mesmo amor. Cada um de nós tem milagres à sua espera, mas tem também dificuldades, tentações e desafios que por vezes parecem maiores do que nós. “A missão faz-se no plural”, somos relembrados à despedida e, voltando ao kit de sobrevivência, é feita menção ao guia que nos servirá de apoio à “Missão 2.0”, aquela para a qual somos convocados no dia-a-dia.

Durante estas vinte e quatro horas, poderíamos ter estado noutros sítios, poderíamos ter respondido a outras solicitações, poderíamos ter ouvido outras pessoas, poderíamos ter-nos distraídos com outras diversões. Mas escolhemos estar aqui. Escolhemos O essencial. E no essencial, uma certeza nos fica: há missões para as quais vinte e quatro horas não chegam; missões que são para ser abraçadas com a vida, assim, vinte e quatro horas de cada vez.

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