Ordem do Carmo em Portugal

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A Ordem Carmelita é composta por homens e mulheres que, inspirados pelo espírito do profeta Elias e da Bem-Aventurada Virgem Maria, tentam viver uma vida no seguimento de Jesus Cristo através da contemplação, fraternidade e serviço à sociedade.

 

 

Comunidades orantes ao serviço e no meio do povo 

A quase milenar Ordem do Carmo não tem um fundador específico nem uma data certa de fundação. Terá sido pelos anos 1153 a 1159, no Monte Carmelo (donde deriva o seu nome), um monte da Palestina junto do Mediterrâneo e da Baía de Haifa, que surgiram os primeiros monges, junto da fonte de Elias.

Foi este profeta eremita o inspirador de Bertolo, um desses primeiros monges, a construir ali uma capela, com o seu primo, o Patriarca D. Aimerico de Antioquia. E, à imitação de Elias, para ali foram confluindo eremitas, espalhando-se em cavernas por todo o monte. Era uma época marcada pelo ressurgimento da vida eremítica e também pelas Cruzadas, que provocavam peregrinações massivas à Terra Santa.

Sabe-se também que, cerca do ano 1209, o Patriarca Alberto de Jerusalém lhe dá uma Regra de vida e os reúne perto da fonte de Elias, sob a obediência a um primeiro superior da Ordem, que se chamaria Brocardo. Os nomes, no entanto, são o que menos interessa aos Carmelitas, que se pautam pela anonimidade, desde esses tempos remotos em que nenhum deles teve a pretensão de ser o fundador.

A aprovação “oficial” da Ordem veio em 1216, por bula do Papa Honório IV, e dez anos depois começa a sua expansão por toda a Europa. Foi a salvação da Ordem, pois, em 1291, seriam massacrados pelas perseguições islamitas todos os eremitas que permaneceram no Monte Carmelo.

A diferente sociedade europeia obrigou a várias adaptações ao seu modo de vida original, sendo equiparados às Ordens Mendicantes e obrigados a procurar o sustento numa vida mais activa, sobretudo após 1247.

Na sua história, viveram duas grandes reformas, uma no século XV, após o Cisma do Ocidente, outra no século XVI, após o Concílio de Trento, de onde surgiu a linha dos Carmelitas Descalços.

 

Carisma

O modo como surgiram e sua história já indicam o essencial do seu carisma. A experiência de Deus e a actividade profética de Elias, uma das grandes figuras do Antigo Testamento, são a grande inspiração para os Carmelitas. Procuram a presença de Deus neles mesmos e ajudam outros a descobrir esta mesma presença na própria vida, fugindo “das redes dos numerosos ídolos modernos que escravizam o coração do homem”.

Por outro lado, a Virgem Maria é companhia e exemplo de vida, pelo modo como “conservava tudo no seu coração”. Na mais íntima relação com Jesus, ela ensina a “fazer tudo o que Ele manda” e é o modelo da bem-aventurança “felizes os puros de coração”.

 

Em Portugal

2016-03-03 sopra1Os Carmelitas chegaram a Portugal como capelães dos Militares de São João de Jerusalém, vindos da Terra Santa, onde defendiam os Lugares Santos. Foi-lhes doado o convento construído pelos referidos Militares, em 1251, em Moura, e é daqui que vão irradiar para todo o País e para o Brasil.

Figura proeminente da Ordem é São Nuno Álvares Pereira, que manda construir o Convento do Carmo, em Lisboa, em 1347. E outros se seguiriam pelos séculos seguintes, até à expulsão e extinção das Ordens Religiosas, em 1834.

Só em 1930, quase um século depois, a Ordem é restaurada em Portugal, mas é sobretudo a partir de 1950 que começa a consolidar-se com ajuda da Província do Brasil, dedicando-se a tarefas como o ensino, a pregação e o apoio pastoral a paróquias e movimentos apostólicos.

É nesse contexto que surge, em 1957, a casa de Fátima, destinada ao acolhimento de peregrinos e que funcionou durante vários anos como Seminário Maior. Atualmente, a pequena comunidade dedica-se ao acolhimento de peregrinos e à colaboração pastoral na paróquia e no Santuário de Fátima.

 

O Escapulário, sinal mariano

2016-03-03 sopra4Um dos sinais da tradição da Igreja, há sete séculos, é o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo. É um sinal de identidade da Ordem e manifesta o amor a Maria, a confiança filial nela e o compromisso de imitar a sua vida de doação a Cristo e aos outros. A palavra “Escapulário” indica uma vestimenta que os monges usavam sobre o hábito religioso durante o trabalho manual. Com o tempo, assumiu um significado simbólico: o de carregar a cruz de cada dia, como os discípulos e seguidores de Jesus.

 

Testemunho vocacional

“Até então ninguém me tinha falado da vocação!”

2016-03-03 sopra2Nasci a 3 de Março de 1959, em Braga, na freguesia de São João do Souto, e vivi a minha infância, adolescência e parte da juventude entre São Paio de Merelim e Mire de Tibães, no mesmo concelho.

Eu era uma criança igual a tantas outras, no seio de uma família simples e unida. Andava na escola, frequentava a catequese e a Eucaristia dominical na minha paróquia, divertia-me a jogar à bola e outros jogos que a imaginação infantil inventava ou recebia dos mais velhos, a nadar no rio Cávado, a passear pelos campos colhendo na época própria a fruta amadurecida, e a ir pelas matas e caminhos à procura de ninhos de pássaros ou então caçá-los. O meu mundo repartia-se pela família, a escola, a igreja e a minha freguesia.

À medida que os anos escolares avançavam, eu via-me com o destino que a maioria dos meus amigos seguia: entrar no mundo do trabalho. Não via nem punha outra alternativa que não fosse arranjar um emprego numa oficina. Até então ninguém me tinha falado da vocação!

O homem põe e Deus dispõe. Tudo mudou quando, na 4.ª classe, o professor me perguntou se queria ir para o Seminário. Disse-lhe que sim, não com a intenção de ver o que dava ou como trampolim para um futuro melhor noutra área, mas com a intenção recta de querer ser padre. Este foi o acontecimento exterior fundante do meu chamamento ao sacerdócio e ao Carmelo. Foi a pequenina semente que depois deu árvore, a nascente que se tornou rio, o primeiro capítulo de muitos outros constitutivos do livro da minha história vocacional nas comunidades cristãs e carmelitas por onde passei e vivi.

Entrei no Seminário Missionário da Falperra, passando depois para o nosso Seminário do Sameiro, onde fiz os estudos secundários, tendo as aulas no Liceu Sá de Miranda, em Braga. Finalmente, ingressei no Noviciado, em Fátima, tendo vindo a professar solenemente na Ordem Carmelita em 16 de Setembro de 1984. Fiz os meus estudos filosófico-teológicos, em ordem ao sacerdócio, na Universidade Católica, primeiro em Braga e depois em Lisboa. Em 3 de Agosto de 1986, fui ordenado sacerdote.

Na concretização vivencial do voto de obediência e de serviço à Igreja e à Ordem, falta-me passar unicamente pela comunidade Carmelita de Felgueiras. Sobretudo por motivações pastorais, leccionei em Aljustrel, fui capelão nos Comandos da Amadora e no Hospital Egas Moniz. Também fui pároco e formador. Actualmente, vivo na Comunidade da Casa São Nuno, onde por escolha dos meus confrades de comunidade exerço o serviço de priorato e colaboro com o Santuário no serviço de Confissões.

Antes de mais, sou cristão, e esta vocação fundamental e estruturante vivo-a na especificidade de religioso carmelita e sacerdote. Não vejo este chamamento como motivo de orgulho, mas de responsabilidade, pois fui objecto da misericórdia de Deus. Sou o que sou, não pelos meus méritos, mas pela Providência de Deus e pelas mediações e acontecimentos que Ele usou para me conduzir até ao dia de hoje.

Sou sacerdote e carmelita. Estas duas dimensões do meu ser cristão são indissociáveis e interpenetram-se na vivência da minha vocação. A Igreja e o Carmelo deram-me a minha identidade. A eles devo o que sou!

Pe. Fr. Manuel Gomes de Castro

Números

No mundo

Casas: 382

Membros: 1974

Em Portugal

Casas: 6

Membros: 21

Na Diocese

Casas: 1

Membros: 3 sacerdotes

Mais novo: 51

Mais velho: 75

Média etária: 59

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