Cardeal D. António Marto na Dedicação da Catedral: Santidade e missão “embelezam” rosto da Igreja

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O dia 13 de julho é já uma data festiva anual na Diocese de Leiria-Fátima, em que se celebra a solenidade da Dedicação da Catedral. Neste ano, foi-o ainda mais, com a ação de graças pela missão cardinalícia recentemente confiada ao seu Bispo, D. António Marto. Também motivo acrescido de festa foi o envio de missionários e de escuteiros para o anúncio e o testemunho de Cristo na sociedade.

Luís Miguel Ferraz

 

Neste ano comemorativo do Centenário da Restauração da Diocese, a Catedral de Leiria foi alvo de atenções redobradas, como “igreja-mãe e centro litúrgico, espiritual e pastoral” desta Igreja particular, onde o Bispo tem a sua “sede” ou “cátedra”. Foram especialmente significativas as peregrinações que cada vigariaria a ela organizou, proporcionando a milhares de diocesanos um conhecimento mais profundo da sua importância e significado eclesial e também do seu valor histórico, artístico e pastoral. Por diversas vezes se encheu, nessas ocasiões e noutras de âmbito diocesano, por vezes a “rebentar pelas costuras”, como foi o caso do aniversário da Restauração assinalado a 21 de janeiro, das ordenações sacerdotais a 22 de abril e das celebrações da Fé da Fé no fim de semana de 15 a 17 de junho. No passado dia 13 de julho, data festiva que lhe é própria pelo aniversário da sua “dedicação”, o mesmo voltou a acontecer, com vários motivos para celebrar.

 

Catedral de “pedras vivas”

“A catedral não é só um monumento, uma obra de arte, um edifício imponente”, começou por referir o Bispo de Leiria-Fátima, na homilia da celebração a que presidiu. O cardeal D. António Marto quis aproveitar este olhar dirigido à igreja-mãe da Diocese para sublinhar que “a festa da dedicação evoca, não apenas os muros do edifício, mas antes de mais o mistério da Igreja diocesana reunida em nome do Senhor; evoca o templo de pedras vivas de que o edifício é imagem; evoca a figura do bispo que precisamente a partir da catedral garante a comunhão com a fé dos apóstolos e exprime a unidade na caridade que nos une como membros da Igreja local e nos liga à Igreja universal em comunhão com o Papa”. Nesse sentido, considerou que ela é “como que a síntese de todo o caminho do povo católico peregrino nesta região”.

Na mesma linha, o Bispo diocesano remeteu à Palavra de Deus lida na celebração para frisar que “as realidades mais importantes” são “as pessoas que reconhecem o Senhor Jesus como pedra angular e que se reconhecem como «pedras vivas» de um edifício espiritual”. É nelas que se poderá encontrar “a beleza da santidade que as pedras não podem exprimir: a beleza de uma vida santa e dedicada a obras boas, belas e úteis para a comunidade e para o mundo”.

 

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Santidade e missão são beleza da Igreja

Concretizando este pensamento, D. António Marto apontou as dimensões da santidade e da missão como “a grande reforma da Igreja a que o Papa Francisco nos convida”, que tornará a Igreja “mais fiel ao estilo evangélico”.

“A santidade é o mais belo rosto da Igreja”, citou da exortação apostólica “Alegrai-vos e Exultai”, do Papa Francisco, referindo que “não é nada de extraordinário”, mas “há de ser a condição ordinária dos cristãos”, pois “é simples, está ao alcance de todos, não está reservada a elites, vive-se na vida ordinária de cada dia”. Essa é uma beleza concreta que se mostra nos “santos ao pé da porta, aqueles que vivem perto de nós, ao nosso lado, como podem ser a nossa mãe, uma avó, vizinhos, outras pessoas próximas de nós, mesmo com as suas imperfeições, mas que continuam a caminhar à luz da fé”.

Quanto à missão, é o resultado dessa santidade e conduz, também, à santidade. “É belo que hoje, nesta festa diocesana, celebremos o envio em missão”, disse o Bispo, referindo-se aos membros do grupo Ondjoyetu que vão partir para Angola e para Figueiró dos Vinhos, mas também aos 110 escuteiros que iriam participar no Roverway, na Holanda. “Todos partem para levar e partilhar a alegria do Evangelho”, uma missão que é, antes de mais, “olhar e servir os projetos de Deus e as necessidades dos irmãos, servir Cristo no povo fiel e nos mais necessitados”, um “desafio e aventura, que é a própria vida em saída ao encontro dos outros”.

O desafio ficou, não apenas para os que vão, mas para os que ficam, já que, “assim como somos convidados a ser santos no nosso quotidiano trivial, também somos exortados a fazer com que a nossa existência seja uma verdadeira missão de encontro, de comunhão, de serviço e entrega para levar a todos a luz, o conforto, a misericórdia, a paz e a alegria do evangelho”.

 

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Cardinalato como missão

Durante a sua homilia, D. António Marto referiu-se também à sua recente criação como cardeal, lida também nesta mesma perspetiva missionária: “É belo e significativo que também hoje celebremos ação de graças pelo dom do novo serviço confiado pelo Papa Francisco ao bispo diocesano no colégio cardinalício unindo-nos mais intimamente à Sé de Pedro”.

No início da celebração, Graça Poças, membro do secretariado do Conselho Pastoral Diocesano, tinha feito uma saudação a D. António Marto, com os parabéns pelo novo cargo, em nome da Diocese e no contexto da festa da dedicação da Sé e do ano jubilar da Restauração. “Se esta veneranda Sé de Leiria é verdadeiramente o templo do Deus vivo no meio da cidade dos homens, não é menos certo que a assunção do múnus cardinalício pelo Senhor Dom António – que tem sempre feito questão de o afirmar como um serviço e não como uma dignidade ou honraria – nos permite compreender melhor a universalidade ou catolicidade da Igreja, a partir de Roma, que se projeta também na nossa própria realidade diocesana. Senhor Dom António, receba o afeto da nossa saudação amiga e, sobretudo, a certeza da nossa oração!”, disse.

Em resposta, o novo cardeal a todos manifestou a sua gratidão, com “afeto num abraço de comunhão, de alegria e de paz”, mas não deixou de repetir que “não se trata de promoção na carreira”, mas apenas uma nova missão do “irmão bispo agora chamado pelo Papa Francisco a ser seu colaborador mais próximo no serviço à Igreja universal”.

Foi neste espírito de simplicidade e fraternidade que muitas centenas de fiéis participaram no beberete de convívio e apresentação de cumprimentos ao novo cardeal, nos claustros da Sé, após a celebração. Assim se cumpriu a festa. A missão continua, para todos.

 

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Dedicação da Catedral

A dedicação de uma igreja é a celebração mediante a qual o bispo consagra a Deus um lugar ou edifício de culto, para que se destine a espaço sagrado, onde os fiéis acorrem para a oração e para receberem do Alto as graças divinas. O aniversário deste ato é celebrado, na própria catedral, como solenidade, e nas outras igrejas da diocese, como festa, em sinal de comunhão e de pertença à mesma porção do povo de Deus.

A igreja catedral tem grande significado simbólico para a Diocese; nela está a cátedra ou sede do Bispo, sinal da sua missão de pastor e de mestre da fé para a Igreja particular ou diocese e sinal também de unidade e comunhão dos crentes na mesma fé. É por esse motivo que a Igreja recomenda aos fiéis que tenham amor e veneração para com a catedral, referindo-se no Cerimonial dos Bispos que “a celebração do aniversário da dedicação da catedral pode contribuir para inculcar nos fiéis a veneração pela igreja matriz da Diocese”.

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