Alguém que perceba os jovens

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— Vá lá perceber-se esta juventude!…

Ora aqui está uma expressão sobejamente conhecida e usada a esmo em situações em que se manifesta, pelo menos, alguma incompreensão pelas atitudes e comportamentos dos mais novos. Uma exclamação sempre associada a quem já viveu a sua juventude há tempo suficiente para se esquecer dela. Ou então, para desdenhar a que é vivida agora por outros.

E esta carga pejorativa que muitas vezes carrega as relações entre as gerações mais velhas e as mais novas, a que muita vezes se junta um moralista:

— No meu tempo não era nada assim! — Como se tratasse de um genótipo inferior, com características redutoras.

Esta incompreensão da juventude não é nada de novo. A humanidade tem esta propensão especial para apoucar o que não entende ou o que perdeu, um pouco à maneira do que escrevia Esopo numa das suas fábulas em que a raposa, não conseguindo chegar a um cobiçado e dourado cacho de uvas, acaba por aventar:

— Ainda estão verdes!

A própria Igreja é, amiúde, acusada de marginalizar os mais jovens, de os pôr à parte nas suas decisões, de não compreender nem aceitar as suas linguagens. Por outro lado, também se lamenta que, cada vez mais, as celebrações e os envolvimentos pastorais estejam cada vez mais “vazios” de “sangue novo”. Aliás, ainda há bem pouco tempo, numa jornada de formação sobre liderança, se lamentava isso mesmo, o que faz levantar a seguinte interrogação: a preocupação da Igreja deve ser a falta de jovens ou a falta de espaços para o jovens? Voltando à fábula, a pergunta também se aplica: as uvas estão mesmo verdes? ou será, antes, a raposa incapaz de as apanhar?

O Fórum que hoje é destaque na REDE e que marca o início do segundo ano pastoral dedicado aos jovens, talvez ajude a dar algumas respostas a essas questões. Pelo menos, parte daquela que deve ser a premissa dos encontros intergeracionais que é a compreensão e a aceitação mútuas, independentemente das suas características. Quando a Diocese pretende dedicar um dia inteiro a perceber a realidade juvenil atual, então pode afirmar-se que a Igreja está no bom caminho para se renovar. O que decide fazer a partir daí, isso já são outros “quinhentos”. Por isso:

— Vá lá! Vamos perceber melhor esta juventude!

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Captura de ecrã 2024-04-17, às 12.19.04

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