39 – José Marques da Cruz – poeta e pedagogo

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José Marques da Cruz nasceu na localidade de Famalicão (freguesia das Cortes) em 15-11-1888, e viria a falecer em São Paulo, no Brasil, em 23-4-1958. Era filho de Francisco Marques da Cruz e de Maria Joaquina Marques da Cruz, quinto de uma prole de nove irmãos que foi relevante nos domínios da vitivinicultura regional.

Depois dos seus estudos primários em Leiria e dos secundários em Castelo Branco, ingressou em 1908 na Faculdade de Direito de Coimbra onde, em 1912, com 24 anos, concluiu a respectiva licenciatura. Nos últimos anos do curso, publicou em Coimbra o livro que o consagrou como poeta – “Lis e Lena” (1911), de que o soneto “Lenda do Lis e Lena” é o seu poema mais famoso, reproduzido e ilustrado, de par com “Carta da Aldeia”, que veio a consagrar-se como um fado de renome, musicado por Francisco Menano.

Em busca de um mundo diferente, nos finais de 1912 emigrou para o Brasil, onde se fixou como professor. Leccionou em vários liceus, colégios e faculdades, tendo sido director de alguns deles e fundador de outros. Foi professor em diversas áreas do saber, tendo dirigido também a revista literária “Castália” e colaborado na revista de Filologia Portuguesa. Como pedagogo conceituado e respeitado, foi mesmo solicitado pela Academia Brasileira de Letras para fazer parte da comissão que deveria elaborar o Vocabulário Brasileiro.

De Marques da Cruz se disse: «Ninguém conhece melhor do que ele a arte de bem dizer.» Mas foi Franchini Neto, director da “Imprensa Brasileira Reunida”, quem melhor o definiu: «Humanista perfeito. Filólogo, ensaísta e poeta. Método próprio. Talento. Ensino honesto. Cintilações de espírito. Livros largamente difundidos pelo país inteiro e por Portugal. Conferencista. Jornalista. Trajectória luminosa. Eis a sua carreira.» O próprio filho, Sérgio, escreveria em 1988: «Em Portugal conhecem-no como poeta. No Brasil, como educador.» Um dos seus livros didácticos, “Português Prático” chegou às 29 edições. De tal forma que um amigo diria ao professor: «Marques, quando você morrer, na sua lápide deverá inscrever-se este epitáfio: “Aqui jaz um português prático…”»

2018-07-24 100 39aColaborador assíduo dos jornais de Leiria “O Mensageiro” e “A Voz do Domingo”, fazia conferências, particularmente em Leiria e em Coimbra, quando vinha a Portugal, mas foi sobretudo nos livros que nos deixou o seu tributo. Leiria e as Cortes comemoraram festivamente o centenário do seu nascimento, em 1988. E a cidade de São Paulo tem uma rua que ostenta o seu nome.

Entre a sua considerável obra, salientemos: “Liz e Lena”, Coimbra, 1911; “Frei Luiz do Coração de Maria”, Coimbra, 1912; “Oração a Portugal”, São Paulo, Brasil, 1922; “Alma Lusa”, São Paulo, Brasil,1935; e, sobretudo, “A virgem de Fátima”, São Paulo, Brasil,1937, e “Nossa Senhora Aparecida”, São Paulo, Brasil,1942. Uma boa parte da sua obra está disponível no cartório paroquial das Cortes.

“A Virgem de Fátima” é um longo poema que evoca os acontecimentos de Fátima de 1917 e que contou com informações fornecidas pela sua prima D. Maria do Carmo Marques da Cruz Menezes que albergou, durante uma semana, as videntes Lúcia e Jacinta em sua casa, na Reixida (Cortes), em Setembro de 1917. Por este livro se deu a conhecer no Brasil um dos maiores fenómenos ocorridos em Portugal nas primeiras décadas do século XX.

Elementos recolhidos por Carlos Fernandes


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