20 – Relação do bispo D. José com Fátima

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As Aparições de Fátima haviam ocorrido três anos antes de D. José Alves Correia da Silva entrar na Diocese como primeiro bispo da Diocese restaurada. Os documentos existentes revelam que não se interessou de imediato pelo assunto, mas foi aos poucos tomando algumas iniciativas, indiciadoras das suas convicções íntimas.

Podemos ver alguns exemplos desse envolvimento progressivo: primeira visita à Cova da Iria (14 de setembro de 1921); ainda nesse ano, aquisição de terrenos, permissão da celebração da Missa na pequena capela da Cova da Iria e abertura de um poço junto à Capelinha; em 1922, nomeação de uma comissão canónica para averiguação dos facto e fundação do mensário “A Voz da Fátima”; depois, fundação da Pia União dos Servitas (1924) e das Servitas (1926), regulamentação das peregrinações (1925), criação de um posto de verificações médicas (1926); construção dos primeiros edifícios para as confissões e albergue dos doentes; inauguração dos cruzeiros da via-sacra do Reguengo do Fetal à Cova da Iria (1927); criação de uma capelania com capelão residente (13 de Julho de 1927); início da construção da grande Igreja de Nossa Senhora do Rosário (13 de Maio de 1928); obra dos retiros espirituais para servitas, operários, clero e outros grupos de pessoas de todas as classes sociais (desde 1930).

O facto de, pela carta pastoral datada de 13 de outubro de 1930, ter declarado como “dignas de crédito” as visões das crianças na Cova da Iria e ter permitido oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima deu um impulso extraordinário ao santuário, que, anos mais tarde, viria a ser designado por “Altar do Mundo”, por se ter tornado meta não apenas dos peregrinos portugueses, que já afluíam ali, desde 1917, mas de tantos outros que, dos quatro cantos do mundo, começaram a surgir, atraídos por uma mensagem, que, cada vez mais, era reconhecida como dirigida ao mundo inteiro.

Após essa data, funda a Pia União dos Cruzados de Fátima, que põe ao serviço da Acção Católica Portuguesa (1934) e que passa a reunir-se em Fátima, em retiros, cursos e grandes peregrinações, e é aprovada a devoção dos cinco primeiros sábados em 1939. Enquanto vão surgindo seminários, conventos e casas religiosas na Cova da Iria, em 1941 D. José dá ao capelão jurisdição para os batismos e matrimónios, isenta o santuário da jurisdição paroquial de Fátima e nomeia um reitor, a quem, cinco anos depois, concede poder ordinário “como se fosse pároco”.

A partir de 1942, o bispo de Leiria autoriza as primeiras saídas da imagem da Capelinha das Aparições para fora da Cova da Iria, sendo a primeira internacional a Espanha, em 1948. É ainda no seu tempo e com o seu patrocínio que se inicia a primeira fase das viagens de uma outra imagem – a chamada Virgem Peregrina – pelo mundo (1947-1955). Por esta altura, assistiu à consagração do mundo e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, segundo os pedidos de Nossa Senhora, por Pio XII (1942 e 1952), à coroação da imagem de Nossa Senhora de Fátima (13 de maio de 1946) pelo cardeal Bento Aloisi Masella, legado de Pio XII – ele que foi, entre 1913 a 1918, enquanto auditor da Nunciatura de Lisboa, o melhor advogado das pretensões dos leirienses, junto da Santa Sé, para a restauração da Diocese – e ao encerramento do Ano Santo de 1951, por outro legado pontifício, o cardeal Frederico Tedeschini.

Foi ainda D. José quem iniciou os processos de beatificação dos videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, em dezembro de 1949, e criou o Museu-Biblioteca no Santuário, em 1955.

P. Luciano Cristino

(adaptado de “Silva, José Alves Correia da”, in Enciclopédia de Fátima, 2.º ed., Principia, 2009)

 

 


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